O jogo do dia do juízo final

O jogo do dia do juízo final

Houve uma catástrofe tão grande que

acabou o mundo. Era o apocalipse. Todas as almas

foram para o purgatório para serem julgadas. O

julgamento era feito por nações. Assim, todas as

nações foram sendo julgadas de modo que todas as

pessoas fossem julgadas com base em seus feitos e

também pelos feitos de sua nação. Quando o Brasil

foi julgado tirou nota 10 como nação.

Deus explicou: - Os brasileiros são

pacíficos. Aguentaram barbaridades após

barbaridades e nunca entraram em guerra civil.

Além do mais, suportaram os chatos dos argentinos

e uruguaios a vida inteira. Todos vão para o

paraíso.

Os brasileiros saíram fazendo festa e

foram embora para o paraíso.

Chegou a vez dos argentinos.

Deus disse: - Vão todos pro quinto dos

infernos.

Foi uma chiadeira geral. Os argentinos

como sempre não queriam ficar atrás dos

brasileiros e pediram explicação.

Deus disse: - Senhores e senhoras

platinos! É do meu conhecimento que os senhores

usaram meu nome em vão na presença do mundo

inteiro, quando o Maradona marcou um gol na

Inglaterra e disse que era a mão de Deus. Meus

filhos, quando fizerem canalhices, não usem meu

nome em vão. Os senhores são expertes em malícia

e adoram fazer gols de mão, mas não gostam que

procedam assim com os senhores. Depois, os

senhores cometeram o pecado da mentira quando

votaram em massa no Maradona como melhor jogador

do século. Ora, meus filhos, os senhores votaram,

cada um, várias vezes no seu ídolo, pois a

votação pela internet é uma mentira por si mesma.

Para terminar, lembro que o Pelé já havia sido

eleito como o melhor atleta do século e, ainda

assim, os senhores aproveitaram a falha da FIFA

para fazer um papelão daquele.

O líder dos argentinos, Maradona, gritava

o tempo inteiro: - Yo soy el mejor! Yo soy el mejor!

Deus intervéio: - Está bem! Não vou ser tão

rigoroso. Vou lhes dar uma oportunidade. Chamem o

Pelé. O único e legítimo atleta de todos os

tempos.

O Pelé veio e juntou-se a Deus e aos

argentinos.

Então, Deus dirigiu-se a Pelé: - Caríssimo filho,

Tu, que me destes tão belos momentos de

diversão, com gols que ninguém jamais fará igual,

nem teu irmão platino, Maradona, pois tamanho

talento só concedi a ti. Coloco em tuas mãos o

destino destas almas platinas. Que decides tu!?

Pelé, do alto de sua majestade, olhou

para os argentinos, que já começavam a deslizar

para o fundo do inferno. O calor das chamas

começava a torrar os argentinos.Foi quando eles,

os argentinos, começaram a dizer: - O Maradona é

o primeiro, mas Pelé é hors-concours. Fue una

broma. Fue una broma (tradução: foi uma

brincadeira, foi uma brincadeira.)

Pelé, então, virou-se para Deus e pediu: -

Pai, permite-lhes que paguem pelo que fizeram

com uma penalidade simples. Deixe que eles

representem o céu no jogo contra os do inferno.

Assim, se ganharem, mostrarão que são dignos de

ficarem no céu. Se perderem, serão humilhados

pelos rabudos. Mas senhor, os argentinos terão de

jogar sem os braços para não fazerem gols de mão.

O jogo foi aprontado de imediato. Logo,

estava a Seleção da Argentina lutando contra a

Seleção do Inferno. O jogo começou e a Seleção do

Inferno foi logo fazendo um gol de mão. Os

argentinos protestaram. Mas o árbitro validou o

gol. A Seleção do Inferno ia fazendo um gol após

o outro e os argentinos protestavam o tempo inteiro contra o árbitro. O jogo já estava dez a

zero para a Seleção do Inferno. Os argentinos já

estavam cabisbaixos, desesperados e choravam.

Deus dizia:- Meus filhos, tudo isto é o

que os senhores faziam com as outras seleções.

Então, os argentinos imploraram a Pelé

para que jogasse pela Seleção Argentina para

salvá-los. Deus permitiu e Pelé entrou para

jogar, mas fez questão de vestir a camisa da

Seleção Brasileira. Os argentinos protestaram,

mas, quando perceberam que Pelé ia desistir,

concordaram. Pelé começou a jogar, pegava na bola

e fazia o gol para a Seleção Argentina. Pouco

tempo depois o jogo estava empatado. Dez a dez,

todos feitos por Pelé. Faltavam trinta segundos

para o jogo terminar quando os argentinos se arrependeram de ter concordado com o apoio de Pelé e tentaram evitar o gol da vitória de sua

própia Seleção. Correram todos para a defesa da

Seleção do Inferno. Ali, na área onde ficava a defesa do Inferno, viam-se as camisas vermelhas

dos jogadores da Seleção do Inferno (os jogadores também eram vermelhos) e camisas azuis

e brancas dos argentinos, tentando evitar o último gol para a Seleção da Argentina. Pelé

pegou a bola e foi passando por todos. Era um

pontinho amarelo num mar vermelho e azul e

branco. Era bola por debaixo das pernas, banhos

ou chapéus, dribles da vaca, elásticos, etc.

Finalmente, Pelé colocou a bola por baixo das

pernas de Maradona, que ficou caído no chão, e

deu um chapéu no goleiro da Seleção do Inferno e

chutou a bola por baixo das pernas do goleiro

argentino, fazendo o gol. Um gol de placa e um

verdadeiro frangaço do goleiro argentino.

Deus disse: - Meus filhos platinos, mais

uma vez os senhores caíram em tentação e tentaram

evitar o óbvio, o verdadeiro. Pelé é único, não

importa o que os senhores fizeram para colocar

Maradona no lugar dele. Se os senhores dizem que

Maradona foi feito por minhas mãos, não estão

mentindo. Mas Pelé!...Pelé foi feito da mas pura

essência que existe no Universo. Da minha

essência. Os senhores preferiram defender a

Seleção do Inferno a admitir que Pelé é o melhor,

o verdadeiro, o único. Também existe o pecado de

falsidade que os senhores cometeram recentemente,

pois não jogaram para valer contra os uruguaios

pelas eliminatórias, fazendo com que a Colômbia

fosse desclassificada. Parece-me que os senhores

não se deram bem com as seleções de camisa

amarela. Não esqueceram jamais a goleada de cinco

a zero que tomaram em 1993 da Seleção da

Colômbia. Compreendo, mas não os perdôo. Alguns

jogadores platinos disseram a imprensa que, se a

Colômbia tivesse feito mais um gol contra os

paraguaios e ganhacessem de cinco a zero, a

Seleção da Argentina teria deixado a Seleção do

Uruguai ganhar o jogo. Isto prova que Argentina e

Uruguai são farinhas do mesmo saco. Com os

peruanos, chilenos, bolivianos e paraguaios

tendo se aproximado cada vez mais dos senhores e

dos uruguaios. Portanto, declaro-os culpados e

deverão expiar seus pecados no Inferno junto com

seus irmãos uruguaios.

Maradona gritou: - O quê!? Os uruguaios

também estão no Inferno.

Deus disse:- Claro, meus filhos, os

senhores acabaram de jogar contra eles.

O caso havia se encerrado quando Deus

virou-se para os anjos e disse: - Anjos, fazei

uma placa em honra de Pelé para que o gol que ele

fez nesta partida fique registrado por toda a

eternidade e colocai a placa junto com a outra

que relembra todos os gols que ele fez.

Os argentinos, agora juntos com os

uruguaios, apulpavam, enquanto iam deslizando

para o buraco do inferno.

Deus, então, sussurrou: - Ô, psiu!

Todos olharam para trás e Deus

completou: -Além dos senhores platinos terem sido

campeões no México fazendo gol de mão em meu

nome, pelo que os condeno, também foram campeões

em seu próprio país de modo ilícito, pois

compraram o time do Peru para que tomasse uma

goleada e assim os senhores desbancassem o Brasil no saldo de gols. Os própios jogadores da

Seleção do Peru confessaram tanto para a imprensa

terrena, enquanto o mundo existia, claro, como

para mim, neste dia do juízo final.

Os argentinos e os uruguaios diziam ahs!

e ohs!...E íam escorregando para as entranhas do

inferno.

Ciao, muchachos.

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